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Fitoterápicos e suplementos funcionam para perda de peso?

A busca por fitoterápicos para perda de peso é muito comum em nosso meio. Existe uma crença geral, mas errada, de que se a substância é natural ela é melhor, mais saudável e menos nociva a saúde, do que os remédios da indústria vendidos na farmácia.  Na verdade, o raciocínio deveria ser o contrário. Os medicamentos, chamados naturais, não necessitam de grandes estudos para serem comercializados, logo não possuem comprovação de sua eficácia e nem segurança quanto as complicações e efeitos colaterais de seu uso no longo prazo. 

Vamos comentar sobre alguns desses compostos. 


Chá verde 


O chá verde é talvez um dos fitoterápicos mais prescrito para perda de peso. Ele vem da planta Camellia sinensis e é rico em catequinas, compostos polifenois e possui cafeina, que poderiam ter ação no peso da seguinte forma: 

- modificação do apetite

- oxidação de gorduras no fígado

- redução de absorção de nutrients

- estímulo ao sistema nervoso simpático, aumentando o gasto energético e a oxidadação de gorduras. 

Os estudos para perda de peso são limitados com pequeno número de pacientes. Em muitos não foi observado perda de peso e nos que houve perda de peso, ela foi bastante modesta, variando de 0,2 a 2kg,  A dose nesses estudos também é muito mais alta do que a que ingerimos nas bebidas de chá verde. 

Existem alguns relatos de hepatites graves com uso de suplementos com chá verde na composição, porém a causa pode ter sido por contaminação por outra substância. O uso do chá verde como hidratação, vendido comercialmente em frasco, lata é seguro. 


Morosil 


A substância vendida no Brasil com o nome Morosil corresponde ao extrato da laranja Moro (Citrus sinensis), uma laranja com um conteúdo mais vermelho, típica do sul da Itália e da Espanha. Ela contém flavonoides, substâncias benéficas a saúde cardiovascular e metabólica. 

Aventam vários benefícios teóricos a saúde como redução da formação de gordura, estímulo a quebra de gordura, melhora do colesterol, da pressão arterial e redução da inflamação vascular. Porém, os resultados dos estudos tanto em animais como em humanos são bastante limitados e de péssima qualidade. Estudos também comparando suco da laranja moro com a laranja comum também não mostraram qualquer benefício. 


Quitosana


A quitosana é um polissacáride derivado de fungos e carapaças  de camarões e crustáceos e supostamente, teria ação na perda de peso. Tendo como base estudos pré-clínicos, foi sugerido que tal substância promoveria diminuição da absorção intestinal das gorduras. Nos  poucos trabalhos avaliando a eficácia da quitosana no tratamento da obesidade, sérias limitações metodológicas prejudicam a análise dos resultados. Na ausência de dieta hipocalórica, não há efeito da quitosana na perda de peso. Além disso, não se demonstrou a presença de gordura nas fezes dos indivíduos testados. Não se determinou rigorosamente a segurança do uso da substância e não se avaliou o efeito sobre a absorção de vitaminas lipossolúveis em longo prazo. Logo,  suplemento não que não deve ser usado no tratamento da obesidade.  


Garcinia cambogia (ácido hidroxicítrico)

A Garcinia é uma planta native do sudeste asiático, que é conhecida tambem como Tamarindo Malabar. É usada há séculos na Ásia como conservante e aromatizante de alimentos. Tem como componente ativo o ácido hidroxicítrico (HCA), e seus defensores alegam que essa substancia teria a capacidade de inibir o apetite e a estocagem de gordura. Os estudos que mostraram algum resultado a favor da garcínia são de curta duração, não controlados e não avaliaram o efeito sobre o apetite. Os bons estudos não mostraram resultados positivos na perda de peso. 

Cactus indiano ou Caralluma fimbriata

A Caralluma fimbriata cresce espontaneamente na Índia e é usa na alimentação há mais de 2000 anos. Trata-se de um cacto comestível, que pertence à família Asclepiadácea. É considera na Ayuverda, um alimento revigorante e suppressor da fome e por essas supostas propriedades era utilizada no passada em grandes caminhadas e peregrinações. Porém, não há estudos que mostrem reducão de peso. 


“Pholia magra” ou Cordia ecalyculata

É vendida com o mote de ter propriedades anticanabinóides,  o que poderia levar a perda de peso, porém não há estudos que comprovem sua eficacia e segurança. 

“Centelha” ou Centella asiatica

Estudos não mostraram diferença na redução de peso entre os indivíduos que usaram Cen- tella asiatica e os que utilizaram placebo, e, embora não tenham sido documentados efeitos colaterais significantes, não existem estudos de longo prazo. Não há evidências para o seu uso para tratar obesidade. 


Faseolamina (feijão branco)

É uma glicoproteína derivada do feijao branco, vendida com a pretensa propriedade de reduzir o apetite, reduzir a absorção de carboidratos e redução do transito intestinal. Em termos práticos, não há estudos clínicos em humanos que sustentem seu uso na obesidade.  

“Laranja amarga” ou Citrus aurantium

A laranja amarga tem alcaloides, que poderiam aumentar nossa produção de catecolaminas (adrenalina). 

Apesar das apregoadas propriedades termogênicas, não há estudos que comprovam a eficáciacia e a segurança no tratamento da obesidade. 

Chia (Salvia hispanica)


A chia ou Salvia hispanica é um broto com grande concentração de ácidos graxos ômega-3, ácido alfa-linoleico e fibras.  Apenas um estudo pequenos em sobrepeso e obesidade  de 12 semanas (curta duração) mostrou redução pequena da massa de gordura na composição corporal, sem mudança no peso. Logo, os dados snao limitados para que se sugira o uso de sementes de chia para perda de peso. 

Ephedra sinica 

A Ephedra sinica ou “Ma-huang”, já foi bastante usada no passado em combinação com cafeina e/ou aspirina para perda de peso. Tem efeito estimulante no sistema nervosa central, podendo, em tese, controlar o apetite e aumentar o metabolismo. Estudos mais recentes com efedrina isoladamente mostraram efeitos modesto na perda de peso (menos de 1kg), porém com aumento inaceitável de efeito colaterais gastrointestinais, psiquiátricos e cardíacos, incluindo acidente vascular cerebral. 


Picolinato de cromo

O cromo está intimamente ligado a ação da insulina sendo um cofator dela. Por isso poderia ter um efeito direto no metabolismo de carboidratos, proteinas e lipídios. Porém, em condições normais temos sempre quantidades adequadas de cromo no organismo. Seu beneficio teórico seriam: melhora da massa magra, redução da gordura corporal e aumento do gasto energético.  Uma revisão de estudos mostrou redução de peso modesta, próxima de 1kg, porém sem relevância clínica. Existem relatos de efeitos colaterais com picolinato de cromo, como rabdomiólise (acometimento dos músculos) e insuficiência renal, mas muitas vezes em formulações em conjunto com outros componentes. Frente a isso, é mais um composto sem indicação para perda de peso. 

Hoodia gordonii 

A Hoodia gordonii é um cacto encontrado em áreas áridas da África do Sul e na Namíbia, cuja seiva era muito usada por nativos como substituto de água e comida durante grandes caminhadas. O princípio ativo com potencial em ser o suppressor do apetite (P57) chegou a ser patenteado por uma indústria farmacêutica, mas até hoje não mostrou resultados que o levassem a comercialização. 


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